À primeira vista, parece um livro destinado a treinar (ou “adestrar”, diriam os mais críticos) os interessados em trabalhar na “Folha”, o que limitaria muito o seu alcance. Na prática, é de tal forma introdutório, didático e repleto de exemplos que a sua utilidade vai muito além. Um aperitivo ao tom do livro pode ser encontrado no blog da autora.
“Jornalismo Diário”, lançado no sábado 22, comprova a minha suspeita que o conhecimento técnico necessário à prática profissional pode ser adquirido em um curso de um ou dois anos, e não nos quatro anos que a faculdade de jornalismo propõe. O complemento a esta formação deveria ser obtido em qualquer curso superior, acredito.
A obra de Ana Estela, no caso, teria a função de livro-texto para este hipotético curso técnico, com sugestões de exercícios, demonstrações passo a passo e recomendações variadas, bem básicas, sobre todas as etapas do trabalho, da pauta ao texto final, passando por questões práticas, como o uso do bloco de anotações, a formação de agenda e até como agir se o gravador quebrar na hora agá.
Seria cômico se não fosse realmente necessário, mas o livro ensina inclusive a ler jornal. Pode surpreender imaginar um estudante de jornalismo que não goste de ler jornais, mas a minha experiência em faculdades mostra que Ana Estela está coberta de razão ao propor uma “ginástica para um leitor diário” – um programa que ensina o candidato a uma vaga numa redação a aprender a ler jornal em 30 dias. Acho que caberia, numa segunda edição, alguma reflexão sobre como aproveitar e adaptar as lições apresentadas no livro ao jornalismo online. Também seria recomendável, na minha opinião, ampliar o leque de indicações de leitura, para além dos autores ligados à “Folha” (maioria) ou estrangeiros citados.
“Jornalismo Diário”, lançado no sábado 22, comprova a minha suspeita que o conhecimento técnico necessário à prática profissional pode ser adquirido em um curso de um ou dois anos, e não nos quatro anos que a faculdade de jornalismo propõe. O complemento a esta formação deveria ser obtido em qualquer curso superior, acredito.
A obra de Ana Estela, no caso, teria a função de livro-texto para este hipotético curso técnico, com sugestões de exercícios, demonstrações passo a passo e recomendações variadas, bem básicas, sobre todas as etapas do trabalho, da pauta ao texto final, passando por questões práticas, como o uso do bloco de anotações, a formação de agenda e até como agir se o gravador quebrar na hora agá.
Seria cômico se não fosse realmente necessário, mas o livro ensina inclusive a ler jornal. Pode surpreender imaginar um estudante de jornalismo que não goste de ler jornais, mas a minha experiência em faculdades mostra que Ana Estela está coberta de razão ao propor uma “ginástica para um leitor diário” – um programa que ensina o candidato a uma vaga numa redação a aprender a ler jornal em 30 dias. Acho que caberia, numa segunda edição, alguma reflexão sobre como aproveitar e adaptar as lições apresentadas no livro ao jornalismo online. Também seria recomendável, na minha opinião, ampliar o leque de indicações de leitura, para além dos autores ligados à “Folha” (maioria) ou estrangeiros citados.
Formado em Direito, Humberto Werneck é autor de “O Pai dos Burros – Dicionário de lugares-comuns e frases feitas”(Arquipélago, 210 págs., R$ 29), que será lançado nesta terça-feira, 25. Fruto de uma obsessão do jornalista pela funcionalidade da linguagem, este dicionário deve ser mantido ao alcance da mão por todos os profissionais, iniciantes ou não, com ou sem diploma.
Para usar um clichê incluído no livro, Werneck é um profissional que dispensa apresentações. Bem-humorado, conta que há quase quatro décadas vem exercendo o papel de “gari da semântica”, anotando em pedaços de papel as frases feitas que cruzam a sua leitura.
Num breve texto de apresentação, Werneck abre mão de refletir mais profundamente sobre as razões que levam frases e expressões a se tornarem clichês, bem como evita discutir os problemas relacionados à qualidade do texto jornalístico, o que fará num futuro livro, mas aponta as boas razões que o levaram a publicar essa coleção de lugares-comuns:
A necessidade de que cada palavra, esse precário instrumento de comunicação, chegue o mais perto possível daquilo que se quer dizer. Se escrever vale a pena, deve ser para enunciar algo que se pretende novo – e me parece um contrassenso, sobretudo no jornalismo, tentar passar o novo com linguagem velha.
Para usar um clichê incluído no livro, Werneck é um profissional que dispensa apresentações. Bem-humorado, conta que há quase quatro décadas vem exercendo o papel de “gari da semântica”, anotando em pedaços de papel as frases feitas que cruzam a sua leitura.
Num breve texto de apresentação, Werneck abre mão de refletir mais profundamente sobre as razões que levam frases e expressões a se tornarem clichês, bem como evita discutir os problemas relacionados à qualidade do texto jornalístico, o que fará num futuro livro, mas aponta as boas razões que o levaram a publicar essa coleção de lugares-comuns:
A necessidade de que cada palavra, esse precário instrumento de comunicação, chegue o mais perto possível daquilo que se quer dizer. Se escrever vale a pena, deve ser para enunciar algo que se pretende novo – e me parece um contrassenso, sobretudo no jornalismo, tentar passar o novo com linguagem velha.
Lida em sequência, a coleção de lugares comuns provoca um efeito cômico, reforçado pelas divertidas ilustrações que compõem o livro. Vale a recomendação de Werneck, no sentido de que seu livro sirva como “uma incitação à reciclagem criativa de expressões que só se gastaram por terem sido, um dia, luminosos lugares-incomuns, a partir daí repetidos até a exaustão semântica”. O resultado, recorrendo mais uma vez ao dicionário, é de encher os olhos.
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FONTE:
http://mauriciostycer.ig.com.br/2009/08/25/dois-bons-livros-para-interessados-em-jornalismo/
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